sexta-feira, julho 28, 2006
PAIXÃO NORDESTINA NO TUM TUM TUM DO SEU CORAÇÃO
Apresentação no IV Festival Cearense de Quadrilhas Juninas
Local: Ginásio da Parangaba
Data: 22 de junho de 2006
Classificação: * * * e 1/2
“Toda a cidade, vem correndo só pra ver
A novidade que a Paixão traz pra você...”.
O trecho dessa música traduz o que é realmente a Paixão Nordestina. Inovação, criatividade e ousadia. Mas ser isso tudo é uma faca de dois gumes. É bom porque as pessoas reparam e quando acertam são elogios e mais elogios. Mas quando erram... não é um errinho imperceptível.
Esse ano provaram dos dois gostos? Qual dos dois devo comentar primeiro? O bom ou o ruim?
Vou alternando então, mas começando pelo ruim, claro!
O figurino foi um dos pontos principais. O tema da Quadrilha, pelo que entendemos é seca e chuva e o que eles vestiam nos remeteu mais ao circo. Nos homens o colete com as costas em ponta, como os dos mestres de cerimônia ou dos mágicos, sem falar na cartola do marcador. As bordas, tanto dos coletes dos homens quanto dos boleros das mulheres, com o espiral dourado nos remetem aos circos mambembes, circos antigos. Assim como as lágrimas nos coletes, nos corpos dos vestidos e nas meias. Devem ter usado para representar a gota de água, mas ficou parecendo figurinos de partners (ajudantes) de mágicos ou moças que dançam de maiôs collants.
Nos vestidos ainda mais um detalhe. O babado da manga acolchoado ficou armado demais, perdendo a leveza do babado. Assim como a saia já ser a anágua deu a impressão de faltar algo por baixo das saias. No entanto a idéia do tié die foi magnífica. Primeiro por que não ficou com cara de roupa de hyppie. Ao invés disso formaram rosas, com os centros em pedraria. Deve ter dado um trabalho... O bolero foi outro detalhe interessante. Deu opções para a Quadrilha trabalhar: com ou sem mangas. Já na cabeça, rosas com haste por trás e fitas trançadas formando falsas perucas. Mas e a seca e a chuva?
Esse figurino teria casado perfeitamente com um tema ligado ao circo.
Uma outra coisa legal. Esse ano fugiram das alegorias. Muitos acessórios, isso sim. E como tiveram...o que para uma Quadrilha estilizada vai bem.
Quanto à coreografia destaco dois pontos fundamentais. Os guarda- chuvas deram o tom “cantando na chuva” (filme hollywoodiano). Aquele detalhe do TNT azul saindo de dentro da lata com papel picado ficou muito interessante. Deu muito a idéia de água. A outra parte da coreografia que não posso deixar de elogiar é o famoso coração. Que por mais que copiem, a Paixão sempre dá um jeito de reinventar. Muito bom esse ano. Todos juntinhos no pulsar. O restante da coreografia segue as normas dos oito passos, mas pela quantidade de pessoas em quadra às vezes passa despercebida.
O repertório. Quem não adora? Afinal é um dos mais copiados. Adoramos, mais precisa falar mais de São João. Mesmo que a Quadrilha seja a mais apaixonada é bom colocar umas pitadinhas de fogueira, balão, São João, etc.
O casamento rimado, figurino bem cuidado. Tudo humanizado. O sol é gente, os animais são gente. Parece uma peça infantil. Fácil de compreender e engraçado, o que é essencial. Sem falar que casa com o tema da Quadrilha. O mentiroso vai ter que fazer chover pra poder casar. Parece até um pouco as aventuras de João Grilo e Chicó (O Auto da Compadecida, Ariano Suassuna).
Os destaques como sempre bem trabalhados, correspondendo à sua função.
Quem não viu, então: “vem...vem...vem com a Paixão”.
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Realmente a Paixão fez um trabalo belissímo principalmente de quadra mas o que chamou atenção de todo realmente o os guarda-chuva como o São João todo ano é uma inovação parabens Paixão você conseguiu.
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