Como estamos quase em contagem regressiva para a entrega do Troféu Ispia 2010, vamos ispiar os indicados de uma maneira diferente. Afinal, todos devem estar querendo saber porque fazem parte deste time seleto.
Hoje vamos iniciar com o que é fundamental nas Quadrilhas atualmente. É o início de todo o trabalho, mesmo quando o mês de junho está tão longe ainda. Vamos analisar o TEMA e os escolhidos.
Ele não é presença antiga no nosso meio, mas se entranhou de maneira tão forte na alma quadrilheira, que hoje chega a ser impensável uma Quadrilha não apresentar o seu. Algumas tentam até se desvencilhar dele, como o Arraiá do Gipão, mas o fato de não ter tema acabou se tornando um. Meio complicado, não?!
Aliás alguém sabe quem primeiro surgiu com essa história de tema? Faz um bem a nação quem descobrir isso...
Por ser tão importante e decisivo na contemporaneidade, resolvemos abrir uma categoria só para premiá-lo. Afinal, toda a Quadrilha vem a paritr dele. Muitas vezes é um trabalho que não é pensado, nem desenvolvido sozinho. Deste ponto podem surgir os acertos de toda a temporada ou os erros de toda a temporada. A união no grupo ou a discórdia, mesmo que depois de passada a discussão, o amor ao São João e ao grupo falem mais forte e a partir daí o trabalho saia vitorioso.
Afinal, o que é preciso para ser considerado um bom tema?
Em primeiro lugar, acreditamos que coerência, mesmo que não seja tão arraigado à tradição rural da festa junina. Por mais absurdo ou fantasioso que seja, mas que possa ser levada para o imaginário junino, o imaginário popular, que é tão vasto e tão permissivo; Em segundo, o tema é aquele que aparece durante toda a apresentação. Ele conta uma história através da música, cenário, dança e figurino...
Poderíamos continuar citando vários fatores, mas acho que mostrar os indicados vai ilustrar melhor a questão.
Brincando no São João com os vaqueiros do sertão
Quem presenciou o ARRAIÁ DO PATATIVA, da cidade de Assaré, pôde ver a saga, mesmo que fantasiosa, de um vaqueiro contra um sogro bravo e pactuado com o demônio. Para consumar o casamento junto à sua amada, enfrentou e domou o boi mais bravo da fazenda. Entre lendas, crendices, formas diferentes de boi e o figurino todo especial, com toques do mestre da cultura popular Expedito Seleiro, foi possível perceber o vaqueiro e os seus costumes, desde a entrada com chicotes e chocalhos à comemoração da pega do boi no cercado, emocionando e inovando os encerramentos de Quadrilha.
São João disse, São Pedro confirmou: Lendas, crenças e superstições que a cigana revelou
Dos personagens nordestinos, passamos para os andarilhos do mundo, os ciganos. A Quadrilha BEIRA LIXO, de Camocim, trouxe os mistérios da cultura cigana para as noites juninas. Dança, música, carroça, simpatias e claro, a fogueira, tem muito a lembrar o nosso São João. Desde o casamento, que se passava a partir da revelação de uma cigana à coreografia com elementos como pandeiros, cartas de tarô e até a carroça como cenário, o grupo refletiu e mostrou essa junção dos universos. Um figurino que não esqueceu das famosas medalhas e das rosas na cabeça, mesmo que os homens permanecessem com seus paletós, só os retirando no final da apresentação.
Redes e Rendas
Sem precisar ir buscar tão longe, a CHEIRO DE TERRA, de Horizonte, fez do óbvio um trabalho bem desenvolvido. Muita gente deve ter pensado: Por que não pensei nisso antes? As redes e rendas foram percebidas desde a entrada da Quadrilha na quadra à sua saída. O persongaem marcador foi fundamental para unir as estórias e contar a partir de um livro desde o surgimento ao uso do tema. O figurino utilizou o tecido de rede e a renda muito bem, dando um colorido harmonioso. Até os elementos de cena e cenários construídos a partir do tema. Alguém esquece a montaha russa de redes? o trançado das rendas com o nome da Quadrilha? E o pau de fitas de redes? Tem coisas que não dá...
Falar sobre um tema tão abstrato, a princípio pode torná-lo fácil, mas não é tão simples assim. Principalmente quando se fala em pintura, em cores. As vezes a solução é partir para o literal, e botar pintores com baldes gigantes de tinta. E deles surgirem a própria pintura da vida, a mulher. E como não colorir um figurino de São João? Á própria Rainha muda de cor na hora de fazer a sua apresentação, de receber a atenção do público.
As músicas trazem a alegria das cores. Foi essa a maneira que a FILHOS DO SERTÃO, de Fortaleza, encontrou de estampar o seu tema no São João.
Os pássaros que o poeta cantou. Eles cantam no sertão e hoje encantam o São João
Algum tema mais musical, mais junino do que os pássaros? Outra ideia que deve ter deixado muita gente com uma pontinha de despeito. Afinal, até o considerado hino do Nordeste é "Asa Branca", de Luiz Gonzaga. E eles não faltaram na Quadrilha TONGIL, que mostrou direitinho como eles servem de inspiração e fazem parte da nossa história musical. No período de seca, figurinos laranjas. Nos períodos de chuvas, figurinos verdes. Pássaros nos carcarás, nos acauãs, nos assum pretos e até no pavão misterioso, saindo de dentro de sua gaiola para encantar a todos na figura da Rainha, que encarnava a figura de seu pássaro. Dificil não ficar coma aquela música na cabeça: Asa branca é SãoJoão, carcará do meu sertão...
E assim foram várias histórias contadas no São João de 2010.
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