O que é comentado nas rodas de bate-papo sobre Quadrilha Junina acabou se confirmando nas indicações desta categoria no Troféu Ispia. Entre as melhores coreografias, apenas uma é da capital. Um dos grandes diferenciais do interior nos últimos anos tem sido a coreografia.
Há quem justifique pela questão da quantidade de ensaios. No interior tem a disponibilidade dos ensaios na semana. Geralmente iniciam por volta de 22h00 e se estendem até a meia noite. Aqui é mais complicado pela questão do transporte e todos os revezes do progresso.
Enfim, cada um com as suas limitações, mas estamos aqui para escolher os melhores. Portanto, só nos resta ver quem são os melhores e aprender um pouco com eles. Ou não...
Nesta categoria temos uma única pessoa concorrendo por dois grupos. Claudio Chuppil foi o responsável pela coreografia dos grupos Arraiá do Patativa e Estrela Branca, ambos em regiões opostas no mapa do estado. A primeira na zona Sul e a segunda na Norte.
Arraiá do Patativa - Assaré
A coreografia é simples e ao mesmo tempo totalmente diferente do que se vê comumente. Os tradicionais estão todos lá. Mas as vezes de ponta cabeça, as vezes pela metade. Uma montanha russa que pode ser tunel, e que pode ser a costura. Os elementos de cena acabam por dar uma ajudinha, como no caso do sol formado por sombrinhas laranjas. E o final, que a meu ver foi um dos mais surpreendentes de 2010, com o noivo domando o boi e derrotando o pai da noiva que vendeu a alma ao diabo.
Cumpade Justino - Maracanaú
Sincronia perfeita nos velhinhos da entrada. Quem viu atesta o que eu falo. Em seguida um carcará pra lá de estilizado, diferente do que se vê normalmente. O bailado de passos marcados e sapateados, já característico de Juliano Andrade, acaba por dar lugar aos passos que em certos momentos se mostram na sua forma tradicional, em outros nem tanto, mas sim harmoniosos.
Espinho e Fulô - Tabuleiro do Norte
O grupo bebezinho na frente dos outros indicados (4 anos), tem um coreógrafo bastante conhecido do público quadrilheiro. Raimundo Claudino do Amaral já foi campeão do extinto Festival da Funcet, o mais importante nos anos 1990, com a sua Flor de Mandacaru, de Tabuleiro e campeão cearense (2006) com a São João Batista, de São João do Jaguaribe. Em 2010 apresentou um show de técnica, com alinhamento praticamente perfeito, e os seus desenhos já característicos, baseados em passos tradicionais, com intervenções contemporâneas, como elevar a mulher e usar a saia como base do carrossel, que é sua marca registrada. E para finalizar o pau de arara (onde os homens erguem as mulheres, dando a ideia de um caminhão) já visto antes na Flor de Mandacaru, mas que se encaixou muito bem no último trabalho.
Estrela Branca - Hidrolândia
Um mix de danças e ritmos. A coreografia de Chuppil neste trabalho vai na onda dos efeitos dominós misturados a passos tradicionais. Mais uma vez os passos tradicionais remodelados. e desta vez sincronizado com intervenções estilizadas de marcações e desenhos. A noiva recebendo serenata na janela dá o clima do interior no trabalho.
Raízes do Meu Ceará - Fortaleza
Pela primeira vez trazendo cenário, um balão formado por tecidos e modelado pela figura das mulheres sob pequenas escadarias de madeira, dá um impacto na abertura. A partir daí a coreografia pra lá de estilizada traz os passos tradicionais, com os rebuscados cumprimentos de cavalheiros e damas, muito giro, marca passo e palmas. Átila Melo é o reponsável pela coreografia do grupo e já atua a bastante tempo no São João, inclusive é diretor de comunicação da Fequajuce.
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