quinta-feira, agosto 10, 2006
CARMEM MIRANDA NESSE ARRAIÁ, PODE?
Apresentação no IV Festival Cearense de Quadrilhas Juninas
Local: Ginásio da Parangaba
Data: 22 de junho de 2006
Classificação: * * * *
A Quadrilha Beira Lixo de Camocim trouxe um tema polêmico para o arraiá. Mas antes de entrarmos diretamente nele, gostaria de esclarecer um pouco o nome do grupo, que sempre chama muita atenção. Realmente não tem nada a ver com Quadrilha.
O grupo se originou de uma turma de jovens que jogavam voleibol em um terreno baldio no centro da cidade. Em 1989 eles resolveram formar uma Quadrilha. Com a irreverência como pano de fundo lançaram esse nome.
Dúvidas sanadas, vamos ao que interessa. Primeiro gostaria de falar da coragem de introduzir um personagem como Carmem Miranda no mundo junino. Reconhecida pelos balangandãs, frutas na cabeça e roupas espalhafatosas a cantora fez muito sucesso na década de 1940, inclusive sendo estrela de filmes nos EUA. No entanto sua imagem está mais associada ao carnaval.
Apesar do que alguns podem chamar de loucura, eu considero louvável a iniciativa, por que eles conseguiram buscar e mostrar o São João em personagem que não está ligada a esse universo. O elo é uma marcha junina gravada por ela nos anos 40. Pelo próprio tema “E se Carmem Miranda viesse ao arraiá?”, já vemos que há uma preocupação com o “junino”.
O casamento conta que a personagem foi convidada para cantar em um casamento no sertão. Porém quando chega no local depara-se com uma impostora. No desenrolar da trama ela se encanta pelo São João do Nordeste. Uma trama interessante. Imaginária. Não é um texto excepcional, mas a agilidade dá a veia cômica.
A Quadrilha apresenta uma coreografia boa. Desenvolve o que é proposto pelo tema. Realmente passos tradicionais. Hora estilizados, hora tradicionais ao extremo, como no “passo do alejado”, “olha a cobra”, “olha a chuva”, etc. Enfim, uma mostra do que é São João e que poderia encantar um mito.
Ainda em detalhes da coreografia, podemos destacar o encerramento, com toques lusitanos e os leques flamencos. Por pouco não foge ao junino. Bonito, noentanto, deveria vir na abertura, afinal como ela é portuguesa seria o início de uma biografia e não o final.
A parada da Rainha com coreografia lenta como na abertura é raro hoje em dia, mas é bom ver um grupo que mantém o seu estilo. Ah, e isso com vinte pares, outra marca.
No meio da Quadrilha uma invertida nos paletós dos homens transforma a Quadrilha estilizada em caipira. O paletó dupla face, passa da cor lisa para o xadrez. O chapéu de palha e as mulheres saias também xadrez. Não seria melhor as saias de chita? Mais original?
Mas isso já é figurino...E por falar em figurino podemos ver mulheres com vestidos carregados de brilho. Na cabeça frutas e rosas (nada muito extravagante para o tema).O leque dá um charme a mais. Homens super elegantes em paletós, sapatos bicolores e chapéus de palhinha no melhor estilo anos 40/50.
Harmonia boa, quadrilha bem ensaiada.
Nos destaques podemos observar a marcadora, que a toda hora faz o característico movimento de mãos, uma das marcas de Carmem, lembrando dançarinas de flamenco.
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não vi a beira lixo,mas colocar carmem miranda para os menos esclarecidos é perigoso,rssss,mas para quem sabe é bem legal, carmem miranda tambem gravou marchas juninas,mas logico que ela ficou mais conhecida com as carnavalesca,queria ter visto!abração!!
ResponderExcluiré bem legal isso , mas ja pensou como seria a reação do meio junino se ao inves da conhecida Beira Lixo vinhece do mesmo jeito um grupinho novo,acho que só daria criticas, pois não ia ter o peso do nome, mas deixa pra la, ví eles dançando e realmente dançaram bem...
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