segunda-feira, maio 30, 2011

Tudo pronto...

Nem precisa junho chegar e as quadrilhas já ensaiam sem trégua. Da Vila União à Bela Vista, o Vida & Arte foi conferir os preparativos. O som da sanfona e do triângulo já entoa os primeiros passos


Cortando a avenida Borges de Melo, a Travessa Riachuelo nem chama tanta atenção. Mas ali, um sítio com cara de cidade de interior convida a esquecer a rotina do relógio e viver o tempo sob outra lógica. As bandeirolas coloridas disputam atenção com as inúmeras árvores frutíferas que sombreiam o lugar. É ali que a família Rogério faz nascer toda a criação da Quadrilha do Zé Testinha. Da pesquisa ao figurino, dos ensaios às festas.
Aprovada no sexto edital público Prêmio Festejos Juninos de Fortaleza 2011, nas categorias quadrilha infantil e adulta (R$ 3.500 cada), a Zé Testinha vem se preparando desde janeiro para brilhar no São João. O cangaço é ponto de partida. “Já acusaram a Zé Testinha de sempre falar do mesmo tema. Mas o cangaço é muito rico, é uma mina inesgotável. Este ano faremos um ritual de transformação do cangaceiro para o brincante. Abordaremos a defesa da caatinga, a preservação do semi-árido e o conflito racial”, explica Ronaldo Rogério, responsável pela pesquisa.
Comemorando 36 anos de trajetória, a quadrilha é encabeçada pelos seis irmãos da família Rogério. Zena leva o título de estilista do grupo. Rose cuida da quadrilha infantil e Zélia é a responsável pela parte financeira. Reginaldo é o coreógrafo e marcador. Há quatro anos no grupo, o estudante Rair Lima, 21, comenta porque gosta tanto de estar ali. “Aqui a gente se preocupa muito com o que está fazendo, nos preocupamos com a cultura e em dar continuidade a essa história”.
Hoje, a Zé Testinha traz 48 dançarinos, com idade média de 18 anos, mais outros 10 que ficam na reserva. Destes, uma parte integra o grupo fixo de brincantes que se apresenta no Pirata Bar, todas as segundas-feiras, há 15 anos. Francisco Tainer Marcos, 46, é o dançarino mais antigo do grupo. Há 30 anos segue os passos da quadrilha e já chegou a perder emprego por conta de sua dedicação. “Aqui é uma paixão só. Viramos uma família, já perdi até emprego, mas não me arrependo não”, defende o dançarino.

Quatro décadas
O Arraiá do Gipão este ano se apresenta com uma responsabilidade a mais, afinal, são quarenta anos de história. Também contemplada pelo edital da Prefeitura de Fortaleza, a quadrilha quarentona convida os cearenses para a festa. Vera Lúcia Coelho Lima é diretora da quadrilha. “Comecei a dançar aqui em 1972. E com muito amor e paixão permaneço até hoje. Este ano o tema é o Banquete Junino em homenagem a estes 40 anos de quadrilha e queremos convidar todo mundo a comemorar com a gente”.
Os 24 pares vêm ensaiando desde o início do ano. Composição e música próprias dão o tom ao ensaio. A dedicação é tamanha que tem brincante que vem de outras cidades só para fazer parte do grupo. É o caso de Beatriz Cavalcante, 28, que mora em Maranguape, mas não perde um ensaio. “É uma honra fazer parte de uma quadrilha que consegue se manter por tanto tempo. O amor aqui é grande”.
Há nove anos Beatriz conheceu Gilliard, durante os ensaios da Gipão. Foi uma brincadeira de um amigo que fez os dois se aproximarem, mas até hoje eles compartilham a alegria de dançarem juntos. Ele é um dos integrantes mais antigos, dança ali desde 1996. “Este ano a responsabilidade é maior, mas tenho certeza que somos a quadrilha mais esperada do ano”. Carlos Levi, 28, está na Gipão desde 1998. Conheceu o grupo a convite de uma vizinha. “Entrei como brincante, hoje sou marcador e também coreógrafo. Podem esperar que este ano a Gipão vai fazer bonito.”

SERVIÇO

QUADRILHA DO ZÉ TESTINHA
Onde: Travessa Riachelo, 115 – Vila União
Quando: Ensaios aos sábados e domingos
Informações: 9635 2876/ 3257 3304

ARRAIÁ DO GIPÃO
Onde: Rua 21 de Abril, s/n - Bela Vista (esquina com Rua Viriato Ribeiro)
Informações: 8689 9906


Fonte: Elisa Parente - Jornal O Povo
elisa@opovo.com.br


ISPIANDO - A matéria ficou muito boa. Não sei se coincidência, mas pegou nossos grupos mais antigos. Boa sorte a todos que estão ensaiando e se preparando para as estreias.
Agora sobre o jornal, não custava nada ter um pouqinho mais de criatividade para fazer a cobertura do São João, né?! Sempre os mesmo tipos de matéria e até as mesmas fontes (entrevistados)... Os repórteres e editores deveriam pesquisar um pouqinho mais para saber que o universo das Quadrilhas é muito mais do que as matérias do tipo ensaio, maiores festivais, noivos e rainhas. Tem toda uma questão econômica, política e social, que praticamente não é mostrada.

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