quinta-feira, outubro 19, 2006

Tristes surpresas

Mais um...
O São João vem sofrendo baixas terríveis nesse ano de 2006. Aos poucos fomos tendo notícias das perdas. Antes mesmo que esquecêssemos, mais uma perda nos atormentava. As vezes briga de rua, as vezes doenças fatais, as vezes fora do meio junino, as vezes dentro de um festival de Quadrilhas. Simplesmente o fato de estar numa parada esperando um ônibus pode ser motivo para ter a vida tirada.
É difícil perder. Se perder na competição é difícil, imagine perder um ente querido, um amigo, um parente, um filho. Nesses momentos sempre queremos culpar alguém. E nesse caso os culpados são muitos: a falta de segurança, o aumento dos índices de criminalidade, a violência, os desentendimentos, as paixões, a sociedade desigualitária em que vivemos, enfim... Às vezes é difícil até culpar alguém...
Antes de ontem (17/10/2006) foi o Veru Wilson, vocalista da Cumpade Justino. Quem nunca se emocionou com aquela voz forte, e por que não dizer uma das mais marcantes do São João do Ceará?
Em pleno São João tivemos outra perda, a Bruna Rafaelle, Rainha da Quadrilha Zé Testinha. Jovialidade, graciosidade e simpatia no rodopiar junto da “cabroeira”. Como esquecer? Não dá.
Estes e os outros tantos, que já passam de 5, merecem o nosso respeito e o nosso carinho ao lembrar e relembrar os tantos momentos de alegria e de prazer quando estivemos ao seu lado.
Desejamos aos amigos e familiares que encontrem o conforto, a paz e a serenidade para seguir em frente.
Estejam com Santo Antonio, São Pedro e São João.

Por favor, sem mais surpresas tristes...
Chega!

domingo, outubro 15, 2006

O vento espalha o calor da Quadrilha da Pegando Fogo

Enivaldo. Você pediu, tá aí. Espero que tenha correspondido sua expectativa.

















Apresentação no IV Festival Cearense de Quadrilhas Juninas
Local: Ginásio da Parangaba
Data: 22 de junho de 2006
Classificação: * * * e ½

A Quadrilha Pegando Fogo, do Bairro Bela Vista, Fortaleza, esse ano veio realmente para incendiar. No que diz respeito a super produção não mediram esforços. Um grande show com direito a efeitos especiais, balões caindo do céu no melhor estilo dos grandes musicais da TV e muito colorido.
Partindo do tema que foi proposto. “Os ventos que trazem o amor e alegria do São João”. Bem, é mais ou menos isso. Se eu estiver errado por gentileza me corrijam. Mostrar vento dentro de uma Quadrilha Junina não é tarefa das mais fáceis. A Pegando Fogo optou por trazer arco íris, flores, borboletas, fadas e caixas encantadas. Segundo o ator que fez a introdução à Quadrilha (usando fantasia de carnaval, diga-se de passagem), no São João os ventos sopram, trazendo a alegria e o amor. Surgem três cataventos, duas flores e duas caixas gigantes. Alegorias que dão um tom infantil e ingênuo. Mulheres com asas de borboletas rodopiam em volta. A fada com sua varinha de condão abre as caixas e de lá sai o casal de noivos. Uma proposta bem diferente de vento, que remete a contos infantis. Tudo muito poético e de uma plástica belíssima. Encanta qualquer pessoa que esteja assistindo. Mas e o quesito originalidade na Quadrilha Junina? Não seria mais “junino” os ventos trazerem os seres encantados do nosso folclore?
O figurino é outro elemento de extrema beleza, colorido sincronizado pelos babados das mangas e barras dos vestidos das meninas. Fitas coloridas, nas cores do arco-íris, formam listras verticais. As pedrarias na cabeça, na saia e no corpo do vestido dão o brilho. As rosas de pelúcia na cabeça também conferem um certo tom infantil. A noiva no entanto, assume um ar futurista, no melhor estilo “Jetsons” (desenho infantil dos anos 70 , onde os personagens viviam no futuro)com Abas sobre os ombros.
Já os homens um tanto carregados. O colete trabalhado com pedrarias, fitas, uma espécie de resumo do vestido da mulher. Sapatos e chapéus de listras coloridas combinando com as barras das mulheres. Poderiam os homens ser um pouco mais sóbrios, uma vez que as mulheres já vem bastante coloridas e brilhosas. As vezes pode parecer que eles estão querendo competir.
Na coreografia, a Pegando fogo foi muito bem. Passos tradicionais (mais de 10), uma abertura bem coreografada. As vezes coco, as vezes dança portuguesa, mas muito bonito. Porém o mais interessante foi ver que embora sempre em 4 filas, e com 36 pares na quadra, conseguiram fazer duas filas únicas e uma espécie de “anarriê”, quando os pares se distanciam para as extremidades laterais da quadra. Outro ponto alto foi uma grande roda, todos pegando nas mãos. Coisas raras nesses tempos de Quadrilhas numerosas, sem coreografias definidas e pares se chocando em quadra. Relembrando o vento, em apenas 3 momentos pudemos ver a presença dele na coreografia. No início, quando as borboletas rodopiam, e o girar da saia dá uma idéia de leveza. Parecem mesmo voar. O segundo momento antes do desfile da Rainha, quando são formadas quatro rodas. Todos pegam nas mãos se curvam para a frente e giram, cada roda em sentido contrário. E no final, quando todos em filas de quatro pares dão as mãos e vão baixando e subindo como uma onda.
No mais, uma coreografia sem grandes ousadias, mas muito bonita e gostosa de ver. A evolução e a harmonia, também são fatores bem trabalhados. Mulheres podendo girar a saia sem bater em ninguém. A quadra bem aproveitada. A sintonia com o regional, por sinal muito afiado e com um repertório bem escolhido. Melodia e ritmo muito bons, mas as letras quase na mesma linha das que vemos hoje em dia. Muito amor, paixão, alegria, mas pouca fogueira, balão, bandeira. Além disso 36 pares na quadra poderiam fazer um pouquinho mais de barulho. Mas o que é importante é perceber a satisfação e a alegria no rosto do brincante.E isso dá sim.
Nos destaques individuais não há muito o que falar, ambos desempenham bem a sua função. O casal de noivos é quem realmente domina a cena. E é como tem que ser.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Afinal, alguém pode definir QUADRILHA TRADICIONAL?



Sempre que estamos discutindo Quadrilha Junina, caímos na questão: “Estilizada” ou “Tradicional”. Qual a melhor?
Deixando um pouco de lado a questão da estilizada, que isso é assunto para outra postagem, vamos agora discutir sobre o que é o tradicional que falamos tanto.
De acordo com o dicionário On-line, Priberam, a palavra “tradicional” significa: “transmitido só por tradição”, e conseqüentemente, tradição significa: ato de transmitir ou entregar; recordação; memória.
Então vamos lá... Segundo o site www.nordesteweb.com, a Quadrilha foi originada nas festas dos camponeses na Normandia no século XII e levada para a França através da Guerra dos Cem anos um pouco mais tarde. Depois de difundida em toda Europa através das grandes conquistas de Napoleão veio para o Brasil por ocasião da fuga da Família Real de Portugal em 1808.
Com o intuito de imitar os nobres, os brasileiros passaram a dançá-la com outros ritmos e em festas nas fazendas por todo o reino, afinal o país era essencialmente rural.
De acordo com o que vemos, até chegar aos dias de hoje a Quadrilha já se reinvento várias vezes, principalmente depois que chegou ao país.
Na questão do repertório já foi dançada ao som de valsa, polca, mazurca.
No figurino feminino vestidos com cintura alta, abaixo dos seios como no império; com cintura baixa e rodados como nos anos 10; com mangas curtas e acinturados, abaixo do joelhos e godês como nos anos 50, enfim, uma gama de mudanças. Acompanhados com sapatos, botas ou sandálias de couro e na cabeça chapéus ou flores.
No masculino blusas coloridas, quadriculadas, coletes, paletós. Na cabeça chapéu de palha ou estilo Panamá.
Esses são apenas alguns dos fatores que nos fazem repensar o conceito de Quadrilha Tradicional na sociedade contemporânea.
A conclusão que podemos tirar é que a dança Quadrilha é atemporal, e não tem um modelo correto, pois como a cultura popular, está sempre mudando e se reinventando, adquirindo novos valores. Assim como começou no Brasil imitando outra dança, já perdeu a característica de estática a partir daí, faz parte da oralidade e da criatividade do povo nordestino e brasileiro em geral. Muda de local para local. Portanto seria mais correto pensar a Quadrilha do Vale, a de Fortaleza, a de Pernambuco, a da Zona Norte, a do Cariri e não a Estilizada ou a Tradicional. Afinal cada região tem suas próprias características.
Ou será que alguém consegue provar o que é tradicional e como é caracterizada?

quarta-feira, outubro 04, 2006

Esta é a pedido





Vai estar na próxima edição da ISPIA, mas a pedido de Leonardo Pereira, de Senador pompeu, está aqui um pouco do que será o nosso segundo número relembrando os grandes momentos da temporada de 2006.

II SÃO JOÃO DO SERTÃO reúne mais de oito mil pessoas em Senador Pompeu

No Ceará as festas juninas são também festas “julhinas”, só encerram no final do mês de julho. Apoiado nesse conceito o Secretário de Cultura de Senador Pompeu, Adriano Souza, resolveu realizar o II São João do Sertão entre os dias 12 e 15 de julho de 2006. O evento conseguiu reunir mais de duas mil pessoas por noite, totalizando cerca de oito mil pessoas na Praça de Eventos do Mercado Público.
Atrações durante dia e a noite foram alguns dos diferenciais. Nas tardes a Fórmula Jegue e o Burro Táxi fizeram a alegria de adultos e crianças que admiraram e se divertiram com os animais disputando corrida. As ruas da cidade foram o palco dessa corrida diferente, que atraiu a atenção de dezenas de curiosos.
À noite a população local e os mais de dois mil turistas vindos de diversos locais do Estado puderam apreciar o artesanato e degustar a culinária local em barracas distribuídas por todo o espaço, ornamentado com bandeirola e balões multicoloridos. Festival de Repentistas, Festival de Sanfoneiros e Festival de Quadrilhas, completaram o clima de quermesse no coração da cidade.
Além dos improvisos do repente, do roncado da sanfona e do espetáculo das Quadrilhas Juninas (ou “Julhinas”, como queira), cinco bandas de forró animaram os presentes. Gatinha Manhosa, Forró na Veia, Banda Stylus, Banda Pinote da Bahia e Forró Galope
Segundo Souza, o município de Senador Pompeu, 273km de Fortaleza, definiu as Festas Juninas, como principal atrativo no calendário cultural desse ano. “O evento se propõe a congregar os municípios que compõem a Região do Sertão Central interessados nos costumes e nas tradições populares, com o intuito de impulsionar a economia da região, através do turismo, garantindo lazer e entretenimento”, afirmou.
O Festival de Quadrilhas, um dos momentos mais esperados pelo público, que vibra com a apresentação dos grupos, trouxe para a cidade os principais da região. A Campeã na categoria Quadrilha foi Arraiá São João Batista de São João do Jaguaribe. O segundo lugar ficou com a Quadrilha Queima Fogueira, de Itapiúna, que também levou os prêmios de melhores Noivo e Noiva. Já em terceiro lugar Quadrilha Coração Nordestino, de Senador Pompeu, que também obteve melhor pontuação em Marcador e Rainha.